Alergias, Dermatites e Doenças autoimunes
Primeiramente, as doenças de pele representam hoje a quarta maior causa de incapacitação no planeta. O dado, inédito, vem de uma robusta revisão englobando registros hospitalares e mais de 4 mil pesquisas publicadas entre 1980 e 2013 ao redor do mundo.
“Consideramos nessa conta qualquer efeito negativo na vida e na saúde. No caso dos problemas dermatológicos, isso incluía dor, deformidade, impacto psicológico e, embora a estatística não considere esse ponto, até morte”, explica a médica Chante Karimkhani, uma das autoras da investigação liderada pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
Os problemas de pele, longe de serem só estéticos, têm a ver com a peculiaridade de ser a pele o maior e mais exposto órgão do corpo humano. Ele está sujeito a vírus, fungos, raios solares, elementos alergênicos e irritantes… É vasto o rol de agressores externos, sem contar que às vezes a discórdia se inicia dentro do próprio organismo.
A grande questão, porém, é que os danos à derme não têm consequências apenas frente ao espelho. “Doenças dermatológicas podem prejudicar as relações sociais e a capacidade produtiva”, alerta o médico Hélio Miot, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Dermatite, acne, urticária e psoríase, transtornos inflamatórios comuns na população, foram as condições com maior impacto no dia a dia em nossa análise”, revela o dermatologista Robert Dellavalle, coordenador do trabalho americano.
Alguns males, por outro lado, se aproveitam da aparência inicialmente discreta para crescer durante anos e tornar-se uma ameaça ao corpo todo, caso dos tumores de pele, com alta incidência no Brasil. Dando valor às necessidades da pele e estreitando a parceria com o dermatologista, o risco de sofrer será bem menor – por fora e por dentro. A seguir elencamos as principais afecções de pele:
Dermatites
“Tecnicamente, chamamos de dermatite qualquer inflamação na pele”, adianta a dermatologista Caroline Mourão, de São Paulo. Três tipos, porém, são mais recorrentes nos consultórios. Começamos com a dermatite atópica, que surge sem motivo aparente e costuma estar ligada a crises de rinite e asma. “Ela é mais prevalente e preocupante nas crianças, chegando a exigir internação em alguns casos”, afirma Caroline.
Para contrapor a vermelhidão e as lesões em algumas áreas, o tratamento recorre a cremes específicos e remédios que controlam a inflamação – há situações em que a melhora só vem com os anos. Nos adultos é mais frequente deparar com a dermatite de contato, uma irritação que aparece depois da exposição a uma substância ou tecido – pode ser perfume, lã… O local agredido fica vermelho, arde, descasca e chega até a formar bolhas.
Há casos em que o sujeito precisa inclusive se afastar do trabalho. “Cerca de 20% dos funcionários do setor industrial têm sensibilidade a algum componente que manuseiam”, estima Miot. O essencial é buscar decifrar a causa das lesões. Por fim, tem a dermatite seborreica, a famosa caspa, que na maioria das vezes só gera a descamação do couro cabeludo e das sobrancelhas, e seus consequentes pontinhos brancos nas roupas. Nos casos menos severos, xampus especiais tendem a resolver a vida.
Acne
Oito em cada dez pessoas já tiveram espinhas alguma vez na vida, calcula o professor Miot. Quando o quadro avança, deixa de ser um incômodo estético, podendo resultar em dor, baque emocional e entraves sociais. Quanto mais cedo o tratamento começa, menor a probabilidade de penar com essas consequências.
“Casos mais leves são manejados com remédios de uso tópico. Nos mais sérios, não raro é preciso recorrer a medicamentos orais e antibióticos”, esclarece a dermatologista Ana Maria Quinteiro Ribeiro, professora da Universidade Federal de Goiás.
Convém derrubar um mito: o de que a acne está diretamente relacionada à alimentação. Na verdade, o grande patrocinador de espinhas é a atividade hormonal – daí a maior incidência do problema em adolescentes.
“Na mulher adulta, a condição começa a aparecer a partir dos 25 anos e exige investigação dos níveis de hormônios e do uso de cosméticos”, exemplifica Ana Maria. Enquanto as lesões se proliferam, é importante resistir à tentação de coça-las ou arranha-las, assim como aplicar soluções caseiras. Isso pode agravar a situação. Exposição solar, contato com produtos oleosos e estresse constante também são responsáveis por ativar o círculo vicioso da acne.
Urticária
Marcada por vermelhidão, inchaço e muita coceira, ela é desencadeada por vários fatores, do frio ao exercício físico. Embora os vergões sumam em até 24 horas, a crise toda pode levar semanas para cessar, com focos de coceiras e ardência desaparecendo e retornando.
Se esses sintomas forem familiares, procure um dermatologista, que ajudará a investigar a raiz da questão – por volta de 20% dos acometidos terão novos episódios pelas próximas duas décadas. Outra boa razão para não deixar sem atenção: a presença de urticária está ligada a um maior risco de anafilaxia, sufoco potencialmente fatal.
Micose
A causa são os fungos. E mesmo micoses aparentemente simples chegam a estorvar a rotina se não enfrentadas. “As de unha, por exemplo, provocam dor, atrapalham o uso de calçados e até o trabalho”, afirma o microbiologista Flávio de Queiroz Telles Filho, da Universidade Federal do Paraná. A maior dificuldade é que o tratamento é lento e exige paciência – às vezes as pomadas antifúngicas sozinhas não dão conta. “Há ainda micoses menos comuns e mais perigosas, como a esporotricose, transmitida por gatos e capaz de causar até danos internos”, alerta Filho.
Celulite
Não estamos nos referindo àquele incômodo estético com aspecto de casca de laranja que costuma aparecer nas coxas e nas nádegas, mas de uma infecção cutânea aguda, por trás de vermelhidão, inchaço, dor e febre. Trata-se do ataque de uma bactéria, que precisa ser combatida com antibióticos. Uma condição semelhante e até mais incidente no Brasil é a erisipela. Essa infecção atinge camadas mais superficiais, mas pode evoluir terrivelmente se não for suprimida. Idosos, diabéticos, obesos e outros indivíduos com a circulação comprometida estão mais suscetíveis a ela.
Doenças virais
Os vírus que afetam a pele podem ser passageiros, como os da catapora e do molusco contagioso, ou recorrentes, como o da herpes e alguns tipos de HPV causadores de verrugas. Mas qualquer estrago que cometam significa que o sistema imune não foi capaz de defender a derme. “Em idosos, o vírus da catapora pode se reativar e gerar o herpes-zóster“, dá um exemplo Miot. Trata-se de uma agressão à pele e a nervos periféricos que gera dores lancinantes. Tanto nesse caso, como no do HPV e no do sarampo, vacinas existem para prevenir as complicações.
Psoríase
Alvo de campanhas de conscientização nos últimos anos – justamente pelas suas repercussões físicas e emocionais -, essa inflamação crônica em alguns pontos da pele é acionada pelas próprias células de defesa do organismo. Na maioria das vezes, as placas vermelhas que descascam e causam coceira e dor aparecem em cotovelos, joelhos, costas… Mas há casos em que o tormento afeta as unhas e até os genitais.
Embora possa aparecer em qualquer faixa etária, o pico de incidência ocorre aos 40 anos. Isso porque, além da influência genética, outros fatores conspiram para o despertar do distúrbio. “Estresse, infecções, alterações metabólicas como as promovidas pelo diabete e traumas na pele podem ser gatilhos em pessoas com tendência à doença”, explica Ana Maria. “Cerca de 70% dos portadores apresentam a forma mais leve, capaz de ser controlada com cremes e hidratantes, mas 30% dos casos são mais graves e demandam medicações orais e injeções”, diferencia a professora.
Existem situações em que a psoríase passa a atacar inclusive as articulações das mãos, levando à dor e rigidez. Para os graus mais brandos, a recomendação é abusar da hidratação e evitar banhos quentes e demorados, que contribuem para o ressecamento da pele. Embora psoríase não tenha cura, com a nova geração de medicamentos até os quadros mais tensos estão conseguindo ser bem administrados.
Câncer de pele
Os carcinomas, versão mais prevalente, costumam ser eliminados em um pequeno procedimento cirúrgico. Já o melanoma, mais agressivo, muitas vezes precisa do apoio de quimioterapia ou imunoterapia. Embora sejam diferentes, ambos dividem os mesmos fatores de risco: a exposição aos raios solares e a falta de diagnóstico precoce. “Pintas diferentes, de cores e bordas irregulares, merecem análise médica”, orienta o oncologista Artur Malzyner, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Escaras
Também chamadas de úlceras de decúbito ou pressão, essas feridas brotam e crescem em pessoas que ficam acamadas ou em cadeiras de rodas por longos períodos. Decorre da fricção entre a pele e a superfície externa. Sem receber sangue a contento, as células epiteliais vão morrendo até a lesão dominar o tecido. Mudança contínua de posição, colchões especiais e uso de óleos e loções ajudam a evitá-las.
Sarna ou escabiose
São bolinhas vermelhas e muita coceira, especialmente à noite, os sintomas provocados por um ácaro que se espalha rapidamente por lugares muito povoados. “O peso dela é mais significativo em regiões como a área tropical da América Latina”, conta Dellavalle. Isso é triste porque o simples acesso a água potável e saneamento básico seria suficiente para baixar os índices de transmissão nos humanos. Entre as atitudes recomendadas para a prevenção, estão os banhos diários e uma higiene adequada das mãos.
Alopecia
A queda de cabelo também sabota a autoestima e a qualidade de vida. Mas a calvície que entrou no ranking americano não é resultado do avançar da idade. O problema é a alopecia areata, tipo mais comum em gente jovem e que deixa verdadeiras clareiras na cabeça. “Os fios saem em tufos, principalmente em períodos de estresse intenso”, detalha Caroline. Em geral, há um histórico familiar da condição, muitas vezes associada a doenças autoimunes. A maioria dos casos melhora de forma espontânea. Se isso não ocorrer, procure um dermatologista. Fonte: Revista Saúde, Publicado em 4 junho 2017
As alergias estão se tornando muito comuns, seja pelo uso de alimentação industrializada, poluição, pólen, as causadas por ácaros e fungos, até as do sistema respiratório como rinites e asma brônquica.
Os casos de doença celíaca (ligada ao consumo de glúten) e a intolerância à lactose estão cada vez mais comuns.
E poderíamos incluir aqui o rol das doenças autoimunes ocasionadas pela hiperativação do sistema imunológico, que percebe o próprio organismo a que pertence como o inimigo a ser combatido. Vamos explicar melhor essa relação.
No meio acadêmico hoje há o reconhecimento de que alergias são um estado de Hipervigilância em relação ao contato e que, pode ter como componente um trauma perinatal (o processo do nascimento). É a reação do corpo a tudo que lhe pareça estranho. O que faz nosso corpo quando está em estado de Hipervigilância? Ele entende que qualquer elemento, que às vezes faz parte de nosso próprio sistema, é um estranho contra o qual deve lutar. Então o corpo começa a mobilizar todo seu sistema de defesa, o imunológico, para lutar contra coisas que, nalgumas vezes são ele mesmo, como nas doenças autoimunes. Luta contra si mesmo, como se partes de seu organismo fossem elementos estranhos e perigosos. Esse estado de hiper-reatividade, de hiper-responsividade contra elementos que coexistem conosco em estados de alergias, faz parte desse estado hipervigilante, não só do trauma perinatal. É antes um sistema de defesa que está confuso.
Essas doenças autoimunes têm a ver com traumas perinatais ou em traumas intensos. Vou além: se a gente entende que o sistema de estresse é o eixo HPA (hipotalâmico-pituitária-adrenal), e a gente sabe que o sistema responsável pelas respostas imunológicas também é o HPA, e o sistema que responde ao apego seguro também é o HPA, tem aqui uma coincidência muito interessante que nos faz pensar que de gripe à câncer, passando por todas as demais doenças somáticas, psicossomáticas, psicopatológicas, todas elas têm em comum os processos inflamatórios, muitas oriundas de processos traumáticos (Transtornos de apego).
De uns 5 anos para cá, a psiquiatria já sabe e postula que esquizofrenia e autismo são doenças inflamatórias. A ideia de se dizer transtorno e não doença ou enfermidade, é baseada em que os transtornos de psicopatologia ou transtornos mentais, são um grupo de sintomas em que não se tem muito claro um correlato físico. Por isso se fala de transtorno. Mas cada vez mais se aproxima do entendimento do que seja o correlato físico e o que começou apenas com a esquizofrenia e com o autismo, hoje já pode ser estendido para todos os transtornos. Transtornos mentais são doenças inflamatórias. O que se tem de protocolos da psiquiatria bem estabelecidos, tanto no tratamento de esquizofrenia como de autismo (este com a prevalência aumentando muito) é o uso de dietas anti-inflamatórias e de ômega 3.
Hoje já se entende que depressão é uma doença infamatória, transtornos de ansiedade são doenças inflamatórias. Essa é a visão da medicina. Para nós que tratamos do cérebro, sistema nervoso e suas interações com o corpo e a saúde, fica claro que o trauma pré-natal (gestacional), perinatal e do desenvolvimento na primeira infância, estão por baixo dessas ocorrências inflamatórias que levam à tantas doenças.
Os processos inflamatórios podem estar na região do cérebro, mas também a nível celular. E o que causa isso é um eixo HPA cronicamente ativado– vide nossa matéria VIDA EM FOGO BRANDO -, de forma que o cortisol, que precisa ser acionado em resposta à uma situação de estresse, e depois deveria ser liberado, fica ativo.
Existe no ritmo circadiano, ao longo do dia, uma curva típica do cortisol que marca esse ciclo. Mas quando isso se desregula, o que pode acontecer tanto numa resposta episódica do cortisol, como também na resposta aos ciclos circadianos ele vira um marcador biológico, por exemplo: um marcador de estresse pós-traumático é baixo nível de cortisol ao acordar. Porque ao acordar o cortisol deveria estar no nível mais elevado para ajudar o corpo a sair do estado de imobilidade e ter energia para responder à vida.
Essa confusão na fisiologia, que libera uma cascata de substâncias como interoxinas vai desenvolvendo os processos inflamatórios. A hiperativação do sistema imunológico leva às doenças autoimunes. Então, tratar traumas é essencial para a saúde emocional e biológica.
Ansiedade de desempenho
Essa variação do Transtorno de Ansiedade atinge qualquer pessoa que sinta exposta ao julgamento alheio e acredite não conseguir corresponder às expectavas desse público. Sentem-se julgadas em sua possibilidade de não performar e, quase sempre desconsideram seus potenciais pelo medo que as toma.
Algumas situações em que isso ocorre:
- falar em público para grupos um pouco maiores que o habitual ou para uma plateia exigente;
- atingimento de metas criadas pela organização;
- atuação teatral;
- esportes de competição;
- relações íntimas.
Falar em público é um grande problema para muita gente que, apesar de conhecer profundamente do que vai falar, às vezes não se prepara corretamente ou se sente introvertida ou tímida demais para provocar impacto com sua palestra. Por detrás desse medo podem estar vivências da infância, quando tenha sido ridicularizado ou não se sentiu parte do grupo ou da família.
As organizações trabalham com orçamentos cada vez mais apertados a partir da globalização nos negócios. A concorrência aumentou, as margens diminuíram, o posicionamento diferencial em nichos do mercado precisa ser alcançado para afastar a concorrência que pode estar a um clique de distância. Tudo isso é cobrado do(a) executivo(a) que precisa apresentar resultados. Aqui novamente, obstáculos emocionais podem estar presentes causando a insegurança e o medo de ser dispensado.
Artistas cênicos precisam convencer o público de que são o personagem que interpretam. Essa atuação é muito mais crítica no teatro, onde qualquer erro é imediatamente percebido e não pode ser editado. Ensaios sem fim até a estreia podem não ser suficientes para muitos artistas, que se consideram (e podem acabar por convencer a plateia) de sua mediocridade.
Os esportes são outra grande exposição, pois há a cobrança por parte do time, do treinador e preparador físico, e até dos torcedores que esperam ver um grande espetáculo. Afinal, estão pagando por isso.
A intimidade nas relações amorosas é um grande desafio, para a mulher e para o homem, quando não se sentem seguros em sua aparência ou capacidade de levar o outro ao êxtase. No homem, que tem os genitais externos, não é possível fingir uma ereção que não se completou ou de ter atingido o orgasmo antes da parceira estar pronta para o grande final. Nas mulheres, traumas antigos como abusos, podem levar às dificuldades na lubrificação vaginal, e em entregar-se e atingir o prazer.
Essas são algumas das situações mais comuns, sem limitar as demais que acontecem por causa semelhante.
Os tratamentos com psicoterapia somática podem atingir as causas dessas disfunções e resolvê-las no âmbito emocional, eliminando as causas dos sintomas e liberando a performance. e o avanço torna-se notável.
Depressão
Depressão vem sendo divulgada como a #doença mais incapacitante do século XXI, e isto colocado por instituições e profissionais que merecem todo o nosso respeito.
Porém, pelos anos de estudo do trauma a que me dedico, e das doenças principiadas pelo estresse contínuo desde a gestação, e que vão se agravando durante as fases do desenvolvimento por constantes retraumatizações, minha tendência é discordar da análise desses pesquisadores.
Penso que a ansiedade é quem inicia o processo, embora o faça de maneira lenta e silenciosa, porque um caráter levemente ansioso se tornou normal e é valorizado na sociedade apressada ocidental.
A depressão decorre dela, quando todos os limites foram rompidos e não há mais como se controlar sozinhos a sobrecarga instalada sobre o sistema nervoso.
Infelizmente, o ritmo acelerado da vida e o imediatismo cada vez mais presente fazem com que pessoas procurem por soluções milagrosas, por “pílulas mágicas” compradas na farmácia mais próxima (e existem muitas) que encerrem seu sofrimento. E isso é fruto da ansiedade.
O aumento nos casos de #suicídios como ato extremo para pôr fim ao sofrimento insuportável se mostra como outro sintoma social. Campanhas como o setembro amarelo buscam conscientizar a população para os indícios de que esse risco pode existir e se concretizar, caso não seja observado e atendido a tempo.
Defendo a hipótese de a ansiedade vir em primeiro lugar, porque a ativação constante do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) pelo seu ramo simpático, por vezes inviabiliza o equilíbrio que seria função do ramo parassimpático, e isso ocasiona o processo ansiogênico e também o traumático. Isto é parte da fisiologia, não levada em conta por grande parte dos facultativos procurados por quem sofre e busca algum alívio.
O estresse pós-traumático é configurado por uma sintomatologia ampla e complexa, levando a inúmeros diagnósticos equivocados.
Como as reações mais comuns são o retraimento social e afetivo, a insônia e uma angústia aguda, muitos profissionais da saúde, incluindo psicólogos, tratam o caso como se fosse depressão (onde também aparece um quadro ansioso), o que tende a mascarar e cronificar os sintomas, podendo ainda causar dependência farmacológica com amplos efeitos colaterais indesejáveis.
E isso não é culpa exclusiva desses profissionais, que abordam o indivíduo em função de especialidades e que, em certos casos precisa ser encaminhado para outros especialistas. Eles foram ensinados desde cedo pelas instituições de que é assim.
Porém, estresse pós-traumático não é depressão, e sim sua causa e precisa de um tratamento bem específico, muitas vezes com apoio de antidepressivos e ansiolíticos para estabilizar o quadro, mas não apenas com eles.
O estudo ACE Family (Experiências Adversas na Infância) produzido em meados dos anos 90 nos EUA, mostrou que a exposição precoce ao trauma produz alterações permanentes no desenvolvimento do cérebro, afeta o sistema imunológico e até a forma como o DNA é replicado.
Ou seja, a maioria das doenças realmente incapacitantes, além daquelas que provocam o maior número de mortes atualmente, são provocados por negligência, abandono e maus-tratos na infância, que acabam por modelar o organismo para sofrer pelo resto da vida.
As causas desses males são tratáveis clinicamente, por terapias contemporâneas baseadas na fisiologia do sistema nervoso, sem a necessidade de fármacos, a não ser, como colocamos acima, nos casos em que o quadro necessite estabilização. A questão é que esses tratamentos rápidos e altamente eficazes são ainda muito recentes (menos de 50 anos) e continuam desconhecidos nos meios acadêmicos, e portanto, não são transmitidos aos estudantes que irão se deparar com os clientes debilitados em seus consultórios.
Estudos de algum tempo demonstram que apenas 30% dos leitos hospitalares são ocupados por causa física. Os outros 70% são de quadros iniciados por questões nervosas, e que foram se agravando até aparecerem no corpo como doenças psicossomáticas.
Quanto mais precoce isso for tratado, menores serão as consequências, e as crianças mostram cada vez mais que precisam de ajuda, principalmente nos comportamentos disfuncionais e agressivos.
As escolas se mantêm despreparadas para lidar com a questão e, não raro rotulam a criança como “problema” e encaminham para neurologistas e psiquiatras. E dessa forma a sociedade permanece doente emocionalmente, até que alguém coloque sobre elas um olhar diferenciado, resgatando a autoestima comprometida nos cuidados parentais.
O caminho para a cura passa pelo resgate da percepção corporal perdida por tantos confortos e modernidades, e pelo desenvolvimento da resiliência no sistema nervoso, só alcançadas pelas psicoterapias mais recentes já citadas.
Luto
O que é o pesar e o luto?
Quando você ou alguém próximo perde o emprego, passa por uma doença crônica ou terminal, sofre um ato violento ou um desastre, você simplesmente não passa incólume aos efeitos negativos.
Mesmo se você é uma pessoa saudável, física e emocionalmente, qualquer perda de natureza significativa ou muitas perdas em um curto período de tempo resultam em algum tipo de tristeza.
Quando o luto que ocorre é complicado por ansiedade, depressão, abuso de substâncias ou outros fatores novos ou já existentes, geralmente causa problemas graves de funcionamento na vida.
Se está tão triste que começa a pensar no suicídio como única saída, isso é sinal de que ajuda imediata é necessária.
Posso ajudá-lo(a) a gerenciar os estágios do luto e trabalhar com a culpa não resolvida, que lhe impedem de viver uma vida normal.
Qual é a diferença entre Luto e Pesar?
O luto é a reação emocional diante de uma perda.
Frequentemente é descrito como tristeza e dores após a morte de uma pessoa querida, animal de estimação, o rompimento do relacionamento ou a perda de um local ou posição que era valiosa na vida de uma pessoa.
Existe também o sofrimento antecipatório - o pesar, que é experimentado antes de uma perda real.
Um exemplo disso é a preocupação e a ansiedade sobre um ente querido sob risco em uma doença terminal, a dor causada por um divórcio eminente, ou um filho saindo de casa para a própria vida.
O luto é um processo natural vivido enquanto nos ajustamos às situações da vida após uma perda. Não há tempo "normal" ou esperado para o luto. Algumas pessoas poderão retornar sua vida dentro de semanas ou meses. Outros, particularmente aqueles que sofreram uma perda traumática e inesperada, ou cuja rotina diária foi radicalmente alterada, podem levar mais tempo para se adaptarem completamente. Esse tempo pode ser abreviado drasticamente por um tratamento adequado.
Consulte-nos.
SFM - Síndrome Fibromiálgica ou Dor Crônica
A Síndrome Fibromiálgica (SFM), fibromialgia ou dor crônica é uma síndrome muito comum e incide principalmente sobre as mulheres. Para ser diagnosticada como tal, requer 3 meses de sintomas continuados. Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, no Brasil aparecem mais de 2 milhões de casos novos por ano.
Costuma ser acompanhada por fadiga e alterações no sono, na memória e no humor. Dor muscular generalizada e sensibilidade exacerbada são os sintomas mais comuns.
Medicamentos, psicoterapia e redução do estresse podem ajudar no controle dos sintomas, mas essa doença é considerada pela medicina sem cura possível.
A tendência, uma vez instalada, é a da cronificação, podendo permanecer por anos ou pela vida inteira.
Estudos estatísticos mostram que se manifesta a partir dos 3-5 anos de idade em casos raros, se tornando muito comum a partir dos 19 anos até além dos 60 anos de idade.
“Seu próprio diagnóstico e aspectos clínicos têm sido muito controversos. Várias pesquisas indicam que as anormalidades na recepção dos neurotransmissores são frequentes em pacientes com fibromialgia. Essas alterações podem ser o resultado do estresse grave prolongado.
A depressão maior e transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de estresse pós-traumático, são comorbidades comuns. A fibromialgia é também descrita como uma forma generalizada de reumatismo extra articular não-inflamatório, e de origem incerta. Alguns especialistas podem enquadrá-la num conjunto diversificado de sintomas que muitas vezes são tratados como transtornos psicológicos, ou como efeitos físicos do transtorno depressivo.
A doença pode estar associada à atividade laboral do sujeito debilitado, à familiaridade genética, a reações alérgicas ou a um coenvolvimento do sistema imunológico, que causa um tilt dos principais receptores neurológicos. Desconhece-se a real etiologia da doença, e é considerada, portanto, uma síndrome reumática atípica.
Não existem quaisquer sinais que evidenciem alterações hemáticas, musculares, neurológicas e radiográficas; não existem aspectos histopatológicos seguros (danos aos tecidos perceptíveis com exame ao microscópio) característicos. Os índices de inflamação do corpo são normais, mas a percepção da dor por parte do paciente se multiplica. A fibromialgia é diagnosticada pela exclusão de outras patologias (diagnóstico diferencial), e subsequente palpação de determinados sítios denominados pontos dolorosos (trigger-points).
As principais zonas afetadas pela dor são a coluna vertebral, os ombros, a cintura pélvica, os braços, pulsos e coxas. A dor crônica, que muitas vezes ocorre em intervalos de tempo, está associada a diversos sintomas, sobretudo transtornos de humor e de sono, bem como astenia ou fadiga crônica. Além disso, a falta de resposta a analgésicos comuns, bem como o caráter "migrante" das dores, são características peculiares da fibromialgia. A possibilidade de cura é ainda hoje objeto de estudo: as recomendações variam desde um sono saudável, exercícios regulares e uma dieta equilibrada, e também têm sido testados vários fármacos neste sentido”.
Os dados acima, coletados em uma pesquisa rápida, mostram que a síndrome fibromiálgica tem origem desconhecida, não consegue ser detectada por exames laboratoriais e, segundo a ciência médica no estado atual, não tem cura possível.
Mas notem esse dado: embora muito raros, ocorrem casos já na primeira infância, a partir dos 3 anos de idade e os sintomas pioram e se cronificam com o passar do tempo.
Isso coincide com estudos que mostram justamente a maior incidência de traumas iniciados até os 3 anos de idade, na idade pré-verbal em que o ser humano mais precisa de apoio parental para se desenvolver com segurança. Eventos consecutivos ou reincidentes de abandono, maus tratos, negligência ou desinteresse pela criança (reais ou assim percebidos por ela) vão retraumatizando um organismo ainda frágil e gerando traumas complexos com cronificação dos sintomas.
Interessante esse paralelo.
Como o inconsciente hoje é entendido como sendo o corpo inteiro e, embora não se esteja cognitivamente consciente das sensações físicas e emoções que o corpo guarda o tempo todo, as regiões subcorticais (ou inconscientes) do sistema nervoso) está e as monitora 24 horas por dia, 365 dias por ano, a vida inteira.
Pode-se deduzir por esse viés que as causas, até hoje desconhecidas pela ciência médica, bem como a cura definitiva da síndrome, possa estar associada à regulação do sistema nervoso sobrecarregado desde cedo por traumas precoces. É uma hipótese nossa, com grandes chances de ser verificada num tratamento psicológico.
Trauma Emocional
O que é trauma emocional?
Experiências traumáticas, em geral trazem desorganização, desorientação, medo, desamparo, isolamento, entorpecimento ou desconfiança. Mesmo que cada indivíduo responda ao evento estressor de maneira diferente, algo permanece claro: se recuperar sozinho de um trauma emocional pode levar muito tempo, e talvez nem seja possível.
Porém o tratamento adequado poderá ajudar. Com ele é possível se curar, recuperar a vitalidade e seguir em frente.
Mas afinal, o que é e como surge um trauma?
Trauma é uma reação natural do organismo a algo anormal, intenso e inesperado. É típico em quem vive um trauma a evitação de tudo o que se assemelhe ou possa fazê-lo revivenciar um sofrimento sentido. Decorre das situações que provocam estresse além da capacidade natural de adaptação do indivíduo. E assim mobilizam alta carga de energia do sistema nervoso autônomo para as respostas de defesa ativas (fuga ou luta). Se estas se mostrarem infrutíferas, virão as desestruturações física e psicológica.
Enquanto se imagina que apenas eventos violentos ou com risco de vida sejam provocadores do trauma, na prática, qualquer situação ou experiência que faça com que se sinta sobrecarregado ou inseguro tem o potencial de gerar traumas. Isso é particularmente verdadeiro nas ocasiões em que se sinta a impotente para fugir ou se defender. Nesses casos abala-se a percepção do mundo como um lugar seguro, o que leva o indivíduo a sentir-se vulnerável e em permanente estado de alerta e ansiedade.
Seja por um evento único - como um acidente ou catástrofe natural, assalto ou sequestro, estupro ou cirurgia, perda de relacionamentos / patrimônio; ou por um estressor constante como a convivência desde a infância com familiares negligentes ou violentos, ou estar preso a relacionamentos abusivos, ocupações onde se sinta pressionado, ou ainda a doença debilitante - o trauma está em quem o sente. E o que importa é a experiência do evento e a reação a ela. E seja ela qual for, será normal nessas circunstâncias. Portanto, não há lugar para culpar-se.
Se existir em alguém o histórico de experiências traumáticas ou eventos estressantes, isso aumentará sua vulnerabilidade a novos episódios, porque sobrecargas não tratadas tendem a ser cumulativas.
Sintomas de trauma emocional:
- Ter dificuldade em manter o foco.
- Se sentir zangado, irritado, triste, tenso, sem esperança, culpado, com medo ou desconectado.
- Preferir isolar-se ou evitar o contato dos outros.
- Se assustar facilmente ou se sentir constantemente "no limite".
- Experenciar insônia, pesadelos, terrores noturnos ou fadiga constante.
- Sentir dores inexplicáveis ou taquicardia.
- Não experimentar segurança em lugar algum, nem na própria moradia.
- Precisar esforçar-se muito para desenvolver e manter relacionamentos saudáveis.
- Fugir irracionalmente de situações semelhantes ao evento estressor.
- Drogadição, vícios e compulsões para anestesiar a realidade.
Se não estiver conseguindo recuperar-se de situações assim, tenha coragem: trauma pode ser efetivamente tratado e curado. E é possível reabilitar com rapidez e eficácia a segurança e habilidades perdidas, e até melhorá-las com a abordagem adequada. No vídeo correlato o tema será aprofundado.